O Farol


A paisagem de Monte Moro era mesmo um encanto, naqueles tempos mais ainda do que hoje. O mar limpíssimo e sempre atraente; a aldeia que ficava na vertente não se ouvia, era como se não existisse. Eram só elas, com a alegria daquela maravilhosa amizade, com os seus projectos de futuro. Ao longe, via-se a cidade, protegida pelas colinas, encimadas por fortalezas e muitos santuários marianos.

O Farol, ao cair da noite, lançava fachos de luz. Também ele tinha uma linguagem directa e sugestiva.

Rossetto, Rosa, Paula...Loucuras por Cristo.


Abrimos, assim, este blogue que pretende ser uma plataforma de partilha de textos, de orações, de reflexões, de imagens e de tantos outros fachos de luz....





terça-feira, 23 de novembro de 2010

Presentes Solidários




A Fundação Evangelização e Culturas [FEC] lançou no dia 2 de Novembro a Campanha Presentes Solidários 2010. A campanha tem como objectivo lançar um desafio à sociedade portuguesa: E se cada um de nós contribuísse, efectivamente, para um mundo mais justo e solidário?


Este ano, apadrinham amavelmente a Campanha e comprometem-se a mobilizar os portugueses caras tão conhecidas como o humorista Zé Diogo Quintela, padrinho do Presente para a Guiné Bissau; a jornalista Fernanda Freitas, madrinha do Presente para Portugal; a escritora Alice Vieira, madrinha do Presente para Timor-Leste; a fadista Carminho, madrinha do Presente para São Tomé e Príncipe; o nadador olímpico, Miguel Arrobas, padrinho do Presente para Cabo Verde; o futebolista Nuno Gomes, padrinho do Presente para Angola (projecto das Irmãs Doroteias), a apresentadora Lara Afonso, madrinha para o Brasil e ainda o político Marcelo Rebelo de Sousa, padrinho para Moçambique.


Os Presentes Solidários são 8 bens diferentes, mas a causa é a mesma: apelar à solidariedade dos portugueses em prol de um desenvolvimento e prosperidade partilhados com quem mais precisa. Mais educação, mais desenvolvimento sustentável, mais desenvolvimento sanitário, mais apoio à terceira idade e a recém-nascidos, mais condições dignas de vida, mais criação de emprego e mais apoio à natalidade são alguns dos alvos da campanha deste ano, que decorre até dia 6 de Janeiro de 2011. Ao comprar um presente solidário, o dinheiro será entregue aos parceiros da FEC no terreno: Irmãs Doroteias (Angola), Cáritas Cabo Verde, Comissão Interdiocesana de Educação e Ensino da Guiné-Bissau, Missionários da Consolata (Moçambique e Brasil), Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (Timor-Leste), Associação Mãos Unidas (São Tomé e Príncipe).


São estas entidades idóneas que identificam e avaliam no terreno todo o tipo de carências das comunidades onde estão inseridas e encaminham a ajuda necessária. Depois de terminada a campanha, os resultados serão divulgados publicamente. Mais informações consulte http://www.presentessolidarios.pt/ OU http://www.fecongd.org/




Esta Bolsa do Professor destina-se à formação de um professor nas regiões rurais de Capelongo e Mulondo em Angola. Esta formação integra-se no Projecto Melika iniciado em 1999 pela comunidade das Irmãs Doroteias de Freixiel.
O valor deste presente destina-se à compra de livros e material escolar necessários à formação de professores do ensino básico.
Parceiro no terreno: Irmãs Doroteias


Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (OdM) Associado - Objectivo 5: Reduzir em 75% a mortalidade materna

OdM 5: Reduzir em 75% a mortalidade materna
Cada ano, 500 mil mulheres morrem de complicações relacionadas com a gravidez e muitos milhares mais ficam fisicamente diminuídas. A esmagadora maioria destas mulheres vive nos países em desenvolvimento. A probabilidade de morrer durante a gravidez é de 1 em 16 na África Subsariana, contra 1 em 3800 no mundo desenvolvido. A formação e educação das mulheres é uma peça chave para alterar esta realidade.

Contribua para a formação das raparigas acolhidas no Centro de Acolhimento da Humpata em Angola.

REGULAMENTO DO CONCURSO - Simplicidade, uma marca de família

Uma das iniciativas que se pensou ser comum a todos os centros educativos foi o lançamento de um Concurso sobre a Simplicidade como marca de família que resultasse numa exposição na Semana de Santa Paula. Cabe a cada centro fazer as alterações respectivas ao seguinte regulamento.

OBJECTIVOS

O (nome do Centro Educativo) leva a cabo um concurso com o objectivo de promover, entre a comunidade educativa, uma reflexão em torno da Simplicidade como marca de família.

Este concurso terá lugar neste ano lectivo de 2010 /2011, durante a Semana de Santa Paula, a decorrer de 3 a 11 de Março.


Artigo 1.º
(Destinatários)

1. O concurso destina-se a todos os alunos do (nome do Centro Educativo) e respectivas famílias.


Artigo 2.°
(Trabalho a desenvolver)

1. Cada equipa poderá apresentar a concurso uma maqueta ou um texto em prosa que torne evidente o significado de Simplicidade, partindo do lema do ano Ser simples, uma marca de família e da Regra da Simplicidade de Santa Paula (excerto das Constituições, em anexo).


Artigo 3.º
(Divulgação do concurso e prazos)

1. O anúncio do concurso será realizado no (nome do Centro Educativo), divulgado junto dos alunos através do Professor de E.M.R.C.(?) de cada turma, bem como na página do (nome do Centro Educativo) (http://www.?).

2. As inscrições serão feitas através do endereço de e-mail ? e até ?

3. As maquetas e os textos deverão ser entregues ao Professor de E.M.R.C.? de cada turma até ao fim de Janeiro.

4. A apresentação pública dos trabalhos apurados terá lugar durante a Semana de Santa Paula.


Artigo 4.º
(Participação)

1. Cada família poderá participar apenas numa equipa e com um trabalho.

2. Os participantes deverão entregar uma maqueta com dimensão variável entre o A3 (mínimo) e A2 (máximo) ou um texto de 500 (mínimo) a 800 (máximo) palavras.


Artigo 5.º
(Constituição do júri e apreciação dos trabalhos)

1. O júri será constituído por ?

2. Dos trabalhos apresentados a concurso, o júri seleccionará os três melhores, de acordo com os seguintes critérios:

Maqueta:
- Ideia conceptual (ligação entre Santa Paula e o conceito de Simplicidade);
- Originalidade de materiais aplicados;
- Qualidade técnica construtiva;
- Potencial em posterior aplicação gráfica (cartazes; panfletos; web).

Texto:
- Desenvolvimento do tema com pertinência e originalidade (ligação entre Santa Paula e o conceito de Simplicidade)
- Qualidade literária

3. Das decisões do júri não haverá quaisquer reclamações.


Artigo 6.º
(Prémio)

1. Todos os participantes receberão um diploma de participação.

2. Os prémios a atribuir (três para cada categoria) serão oportunamente divulgados.


Artigo 7.º
(Direitos de imagem)

1. Ao participar no concurso, os concorrentes aceitam ceder ao (nome do Centro Educativo) os direitos de imagem para efeitos de reprodução, publicação, promoção, adaptação, utilização ou reutilização dos trabalhos seleccionados.


Artigo 8.°
(Casos omissos)

1. Os casos omissos e as dúvidas de interpretação deste Regulamento serão resolvidos pelo Júri.


Artigo 9°
(Entrada em vigor)

1. O presente regulamento entrará em vigor a partir do dia ? de 2010, data da abertura do concurso.

Data e nome do Centro Educativo
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A Amizade

«Mas quem é que caminha a teu lado?». Quando me reencontro com esta pergunta, trazida por um verso de T.S. Eliot, penso quase sempre nos amigos. Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilómetros ou por dezenas de anos. O longe e a distância são completamente relativizados pela prática da amizade. De igual maneira o silêncio e a palavra. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir por isso qualquer constrangimento. Tenho amigos dos dois tipos. Com alguns, sei que a nossa amizade se cimenta na capacidade de fazer circular o relato da vida, a partilha das pequenas histórias, a nomeação verbal do lume mais íntimo que nos alumia. Com outros, percebo que a amizade é fundamentalmente uma grande disponibilidade para a escuta, como se aquilo que dizemos fosse sempre apenas a ponta visível de um maravilhoso mundo interior e escondido, que não serão as palavras a expressar.O modo como uma grande amizade começa é misterioso. Podemos descrevê-lo como um movimento de empatia que se efetiva, um laço de afeição ou de estima que se estreita, mas não sabemos explicar como é que ele se desencadeia. Irrompe em silêncio a amizade. Na maior parte das vezes quando reconhecemos alguém como amigo, isso quer dizer que já nos ligava um património de amizade, que nos dias anteriores, nos meses anteriores, como escreveu Maurice Blanchot, «éramos amigos e não sabíamos».Aquilo de que uma amizade vive também dá que pensar. É impressionante constatar como ela acende em nós gratas marcas tão profundas com uma desconcertante simplicidade de meios: um encontro dos olhares (mas que sentimos como uma saudação trocada entre as nossas almas), uma qualidade de escuta, o compartilhar mais breve ou demorado de uma mesa ou de uma conversa, um compromisso comum num projeto, uma qualquer ingénua alegria…A linguagem da amizade é discreta e ténue. E ao mesmo tempo é inesquecível e impressiva. Há aquele ditado que diz: «viver sem amigos é morrer sem testemunhas». A diferença entre os conhecidos e os amigos é a mesma que distingue um ocasional espetador daquele que está habilitado a testemunhar. Este último disponibiliza-se realmente a ser presença. Se tivesse de resumir a sua natureza, apetecia-me dizer: um amigo é alguém que foi capaz de olhar, mesmo que por um segundo apenas, o fundo da nossa alma e transporta depois consigo esse segredo, da forma mais gratuita e inocente. E nós retribuímos o mesmo. Em dois ou três poemas de Adília Lopes sublinhei, há tempos, isso. No idioma da poesia de Adília, a amizade era descrita assim: «busquei o amor sem ironia». A amizade, mesmo quando nos fartamos de rir e de alegrar com os outros, é esse transparente amor.Tenho por uma grande verdade aquilo que escreveu o filósofo Paul Ricoeur: «para ser amigo de si próprio é necessário ter já vivido uma relação de amizade com alguém».

José Tolentino Mendonça, in Diário Notícias (Madeira)21.11.10

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Simplicidade em Paula Frassinetti

A primeira da sequência de formações sobre o carisma de Paula Frassinetti como educadora levou-nos ao aprofundamento da Simplicidade enquanto traço distintivo e marca a levar em consideração na nossa (educadores) acção pedagógica.

Gostei imenso da exposição inicial alicerçada na metáfora das dobras.
Ocorre-me a imagem de um leque que se abre e se desdobra, revelando toda a sua riqueza escondida: o seu rendilhado, o equilíbrio que resulta da combinação de espaços opacos e espaços vazios, das curvas, da dança das curvas.
Toda a nossa vida é, também, um dobrar e desdobrar, momentos em que nos fechamos, momentos em que nos revelamos, momentos de relação e momentos de solidão.

A Simplicidade passa pela capacidade de nos expormos na nossa imperfeição, dando aí, ao outro, a possibilidade de nos ir complementando. Cresce o outro, porque se dá, cresço eu porque lhe proporciono uma aproximação e, assim, crio lugares de relação.
Cada vez me apercebo mais da riqueza da imperfeição, do limite, dos buracos que trazemos bordados em nós. Que lugar teriam os outros na minha vida se eu fosse perfeita e auto-suficiente? Que lugar teria Deus?...
Entra aqui a questão da Fé: este processo de auto-aceitação e aceitação do outro é possível sem Deus… mas imagino que mais árduo e desgastante.
Partindo do olhar de Deus, tudo isto se descomplica: reconheço no outro alguém tão precioso para Deus quanto eu e, portanto, igualmente digno da minha consideração, confiança e olhar de esperança.

Se olho o outro sempre de pé atrás, com o coração cheio de cepticismo, do alto do pedestal da minha arrogância (da minha ignorância!!!), nunca vou estar apta à simplicidade. Parto da premissa errada.
Que complicado é o mundo das relações humanas e que campo de oportunidades tão rico.
A ideia-chave é esta: ninguém é completo – ser simples é assumir isso e, por isso, aceitar e dispor-se a que o outro o complete e vice-versa.
Somo todos, felizmente, seres mutilados.

Não resisto a transcrever um excerto de um texto de Daniel Faria que formula isto bem melhor do que eu: “Creio que o mais egoísta dos homens é aquele que recusa dar aos outros a sua fragilidade e as suas limitações. Quem recusa aos outros a sua pequenez, comete um dos mais infelizes gestos de prepotência. E porque aí se rejeita, aos outros não poderá dar senão o sofrimento da perda. Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres.”

A Simplicidade é, em Santa Paula, esta convicção de ser inteiro, procurando o Mais, sem ignorar os menos que carregamos connosco.
Isto é de uma grande sabedoria.
Não há pessoas brancas nem pretas: somos todos malhados.
Para mim, é um descanso enorme ser criatura e, não, o Criador! Saber que não sou sozinha. Que a vida transcende a minha capacidade de compreensão do universo.
A uns isto inquieta, revolta, perturba, angustia… a mim… descansa-me.
Como diz Santa Paula “Estamos nas mãos de Deus, estamos muitíssimo bem!”.
Parece-me que Santa Paula viveu este equilíbrio de forma muito lúcida: não dramatizava as situações nem os problemas – des-com-pli-ca-va-. Fazia das crises (pequenas ou grandes) oportunidades de crescimento (pessoal, comunitário, na fé, na confiança). E percebia que o sentido de humor é dos melhores mediadores de conflito que podemos ter.
Santa Paula levou a sua vida muito a sério e, por isso, sabia rir.
A verdade é que muitos conflitos se evitavam se cada um se levasse menos a sério, ou melhor, se não nos levássemos demasiado a sério.
Isso é viver a simplicidade. Descentrar de mim. Rir de mim própria, dos meus buracos!
Santa Paula acolhia sem pré-requisitos, não estava à espera de material pronto.
Que outra coisa deve fazer um educador?...

Catucha Poeiras